Entre os 10 e os 12 anos - foi a minha época de descobrir paixões - três objectos despertaram a minha atenção: o palco, a máquina fotográfica e a caneta (sim, porque eu sou defensora de que escrever é com tinta e não por meio de algum mecanismo que faz uma tecla digitar um rabisco formatado no monitor do computador). O palco - o teatro - foi desaparecendo... Não o gosto, mas a "pouca-vergonha" de o materializar. A vontade está cá, bem como a indefinição do gostar de fazer ou gostar de ver... Tenho de descobrir!
A máquina fotográfica (desse tempo) também foi desaparecendo: agora está ali, na última gaveta do armário, dentro da sua característica malinha amarela, e já nem funciona, coitada! Foi substituída por uma muito maior, e melhor, e também eu vou ficando cada vez melhor em exteriorizar essa minha grande paixão, julgo eu.
A caneta... simplesmente deixei de a usar para mim: deixei de ter a minha caneta. A vontade obsessiva de querer ir estudar para Coimbra (e o consequente empenho para as avaliações), os (des)amores, as amizades e ruptura delas, os super-problemas (sem problema algum) que a adolescência nos proporciona, as redes sociais e afins fazia com que os textos que escrevia, quando escrevia, fossem por obrigação, para deveres escolares. E logo eu que sempre gostei tanto de juntar as letras, as palavras, de fazer livros e inventar histórias, de escrever, escrever, escrever,...
Hoje pensei: e porque não?
Agora que a (às vezes) maravilhosa Internet nos deixa publicar tudo e mais alguma coisa e que (quase) substitui os jornais e as editoras , porque é que eu não hei de dar alimento a este meu gosto?
Não pago nada por isso (o que hoje em dia, é raro: e a típica critica política baseada nas considerações do senso comum tinha de estar presente), não obrigo ninguém a ler, posso escrever para milhares de pessoas (se calhar são só centenas) ou para mim própria, quando eu quero, como eu quero, sobre o que eu quero: eu só encontro vantagens!
A amizade voltou, minha caneta!