O meu, o teu, o dele, o dela, o do outro, o dos outros,...
Flutuam como bolhas - bolhas umbilicais. Vão chocando uns com os outros na expectativa de alcançar a maior afirmação!
- "O meu é maior que o teu!"
- "O meu é pior que o teu!"
E adam por ai, a invadir Lisboa como umbigos solitários e cheios de tudo: de amor, de problemas, de ego, de preocupações, de discursos moralistas, de falta de moral... Enfim, não lhes falta nada!
É vê-los atravessar o Terreiro do Paço, de manhã cedinho, na sua bolha cheia de vazio. Às vezes, com outra bolha ao lado, mas não suficientemente perto para se unirem.
É vê-los subir o Chiado cheios de pompa.
É vê-los no comboio e no metro. No metro então... É a bolha mais rápida a sentar-se ou simplesmente a conseguir uns centímetros de espacinho para se segurar - a campeã! E ouvir o barulho das bolhas comprimidas, de cara feia e phones nos ouvidos. De vez em quando - muito de vez em quando - lá se vê uma bolha umbilical ceder o seu lugar a uma bolha umbilical idosa. Não é preocupação nem cuidado, é a pontinha de bons princípios que entrou pelo furo da bolha - é urgente remendá-lo!
O mais engraçado é o discurso dos umbigos: se não te queixas é porque está tudo perfeito - a perfeição existe nos umbigos dos outros! - se te queixas, és um umbigo lamentador, deprimido e que renega a felicidade umbilical.
- "O meu é maior que o teu!"
- "O meu é pior que o teu!"
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Ela
Ela tem a maneira mais esquisita, natural, pura e apaixonada de viver a vida que eu conheço.
Ela é aluada e empenhada, além de dedicada...
Deve ter alguns defeitos, mas eu não os conheço - ainda bem!
Envia-me mensagens de bons dias, todos os dias - não se esquece em nenhum!
Está sempre, sempre, mesmo sempre disponível para todos, os "todos" é que não estão disponíveis para ela - como eu!
Ela não se esquece de mostrar o quanto gosta de alguém.
O que um comum mortal encararia de forma agressiva ou ciumenta, ela encara como mais uma experiência positiva que a faz crescer.
Ela realmente aproveita cada minuto "em que lhe é possível respirar" - como ela diz. Todos deveríamos ser assim, não é? Aproveitar cada minuto de vida da melhor maneira, não nos chatearmos por tudo e por nada e lutarmos para sermos felizes.
Ela tem uma filosofia de vida que eu venero, cada vez mais!
Conheci-a porque ela me pegou ao colo quando eu caí, e nunca me vou esquecer disso.
Ela é única - de verdade!
Ela é a minha madrinha académica, mas acima disso, ela é uma grande amiga!
Ela é aluada e empenhada, além de dedicada...
Deve ter alguns defeitos, mas eu não os conheço - ainda bem!
Envia-me mensagens de bons dias, todos os dias - não se esquece em nenhum!
Está sempre, sempre, mesmo sempre disponível para todos, os "todos" é que não estão disponíveis para ela - como eu!
Ela não se esquece de mostrar o quanto gosta de alguém.
O que um comum mortal encararia de forma agressiva ou ciumenta, ela encara como mais uma experiência positiva que a faz crescer.
Ela realmente aproveita cada minuto "em que lhe é possível respirar" - como ela diz. Todos deveríamos ser assim, não é? Aproveitar cada minuto de vida da melhor maneira, não nos chatearmos por tudo e por nada e lutarmos para sermos felizes.
Ela tem uma filosofia de vida que eu venero, cada vez mais!
Conheci-a porque ela me pegou ao colo quando eu caí, e nunca me vou esquecer disso.
Ela é única - de verdade!
Ela é a minha madrinha académica, mas acima disso, ela é uma grande amiga!
sábado, 10 de novembro de 2012
Sinceramente
Eu adorava voltar a escrever, muito e bem.
Eu adorava não encher este blog de textos pirosos e
melodramáticos.
Eu adorava escrever algo diferente disso.
Eu adorava ser mimada, irritante, presunçosa e
inconsequente.
Adorava ser irresponsável – mas isso não é de agora – na verdade
eu sempre quis ser irresponsável, porque a minha responsabilidade irrita(va)-me
per fundamente! No infantário achava que percebia sempre mais de tudo do que as
outras crianças – e será que percebia? Tinha a mania que pensava como os
adultos: fazia os pensamentos contrafactuais mais detalhados possíveis e construía
mil e uma histórias em cima de uma hipótese.
Gostava de ficar a observar os adultos e investigar por conta própria, sentia que percebia sempre tudo, além do que me diziam, além do que deveria saber– mas não gostava, assustava-me.
Gostava de ficar a observar os adultos e investigar por conta própria, sentia que percebia sempre tudo, além do que me diziam, além do que deveria saber– mas não gostava, assustava-me.
Eu adorava ser irresponsável.
Eu adorava viver ao sabor do vento, obrigar os outros a
preocuparem-se por mim e não ter a mania de resolver tudo sozinha. Adorava não
ser orgulhosa, viver às custas de alguém e não me preocupar com as contas no
final do mês.
Eu adorava voltar a fotografar… muito, fotografar muito e
bem.
Eu adorava dar a atenção que os meus amigos merecem - acho
que agora já são só amigas, poucas.
Eu adorava que os meus amigos – aqueles que dizem que eu
mudei, substitui e não me preocupei – continuassem presentes. Talvez um dia,
quando tiverem de ser adultos, percebam que não era falta de interesse e que a
falta de tempo não era falta de disponibilidade (são coisas diferentes).
Eu adorava não chorar quando penso neles.
Eu adorava voltar a passar os fins-de-semana entediada por não
ter de fazer nada, quando me irritava com a TV por não passar filmes do meu
agrado.
Eu adorava ser irresponsável.
Eu adorava estudar – só estudar.
Eu adorava não ter pena de mim – mas tenho. As pessoas têm
muito pudor em dizerem que têm pena – não percebo porquê! Lamento que assim
seja, daí ter pena. E ter pena não é fazer-me de coitadinha. Não sou
coitadinha: muito pelo contrário. E é por não ser coitadinha que tenho pena de
mim.
Eu adorava ser irresponsável.
Eu adorava fugir de Lisboa – porque no fundo ainda tenho
esperança que outra cidade me proporcione uma rotina diferente.
Eu adorava voltar a ser criança e sonhar com Coimbra
cor-de-rosa e fácil. Onde um apartamento e as propinas apareciam pagas por uma
varinha mágica e o frigorífico estava sempre cheio.
Eu adorava não pensar tanto.
Eu adorava ser irresponsável…
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